terça-feira, 20 de maio de 2008

INDUMENTÁRIA PARA AS DANÇAS BIRIVAS



Chapéu: de feltro de lã, copa alta e aba estreita e reta. Também podem ser usados chapéus de palha com abas amplas.
Barbicacho: de couro rústico ou confeccionados artesanalmente com fios de seda preta ou crina colorida.
Lenço: de seda, com nó característico, atado no pescoço ou à cabeça com as pontas caídas às costas.
Camisa:de algodão branco ou cru. Enfiada pela cabeça de forma frontal e ajustada adequadamente à frente logo abaixo do pescoço por 3 ou 4 casas, com cadarços de pano, de mangas não bufantes, retas, compridas e amarradas nas extremidades.
Bitango e poncho (bichará):agasalhos
O bitango era um pequeno poncho enfiado pela cabeça e cobria um meio braço de tear caseiro.
O poncho ou bichará é confeccionado em fio de lã em tear rústico e são bem compridos. Cobre a cavalgadura quando do cavaleiro montado.
Bombacha: vestida desde 1580 pelos portugueses, no Rio Grande do Sul o uso desta peça se popularizou depois da guerra do Paraguai( 1865/70) . Constitui-se de peça lisa ou adornada lateralmente.
Chiripá: tipo de saiote folgado, aberto lateralmente, disposto os redor da cintura e preso a esta.
Braga (calção-calça e ceroula): espécie de calção-calça, estreita, ajustada, algo comprida(em torno de meia barriga de perna). Em tons sóbrios, dominantemente de uma cor. Por baixo uma ceroula clara que ultrapassava a calça, cuja extremidade inferior, permitia descortinar-se discreto macramê ou franjas.
Saiote: Pedaço de tecido, de uma cor, amarrado na cintura, sobre a ceroula ,aparentando ser uma saia.

Colete, véstia (casaquinho).

Guaiaca: de couro curtido ou de animal silvestre (lontra, veado), com repartiçõespara pequenos pertences e documentos.

Faixa: de algodão, usada por baixo da guaiaca uma das suas extremidades caída sobre a perna esquerda e apresenta bordados ou franjas.

Bota: de cano alto, flexível, logo abaixo da curva do joelho e com natural enrugar. Quando o tropeiro, ao portar sua faca, firmava-a junto à bota. Daí a expressão para uma pessoa determinada e destemida: “Gaúcho de faca na bota”. As botas garrão de potro são usadas para dançar pois para as tropeadas eram pouco utilizadas por serem pouco resistentes e oferecerem pouca proteção.

DANÇAS BIRIVAS

No decorrer das viagens dos tropeiros, durante as longas noites a beira de um fogo,eles procuravam se descontrair esquecendo a dura lida de viagem e dos sofrimentos que passavam. Nessa descontração ao som de violas ou meia-violas surgiram certas cantigas e danças que eram praticadas somente por homens, ( pois não existia mulheres nas viagens) eles então mostravam toda a habilidade e criatividade em um prazeroso divertimento.

Dentre essas danças, foram encontradas e pesquisadas( por João Carlos Paixão Côrtes) apenas quatro, as quais hoje são reconstituídas e praticadas por grandes grupos de dança em vários festivais de dança pelo país.

As danças são:

CHULA – Dança somente masculina ( principal característica das danças birivas) na qual os dançarinos se confrontavam, cada qual desejando mostrar suas habilidades coreográficas através de movimentos e sapateios, de um e de outro lado de uma haste de madeira, posta devidamente no chão.

A haste, no chão, nunca teve historicamente a obrigatoriedade de ser “ uma lança”. A dança não está diretamente ligada a uma idéia revolucionária ou guerreira. Quanto a sua origem, a chula nunca foi utilizada em disputas, ainda mais por prendas como muitos erradamente acreditam.

DANÇA DOS FACÕES – Dança onde os bailarinos, cada um deles com dois facões, cadenciam a música com precisas batidas esgrimadas, exigindo muita habilidade, destreza e precisão, a fim de evitar cortes ou eventuais acidentes entre os participantes.

Erroneamente temos visto grupos fazendo deste tema um motivo coreográfico barbaresco, de infundada violência e de medíocre expressão artística, fugindo de uma arte folclórica autêntica.

CHICO DO PORRETE - Motivo campesino onde, através do movimento de passar um bastão por entre as pernas, por uma mão e outra, e sapateios, traduz habilidade vigor físico do dançante, “baile biriva”, do ciclo antigo do tropeirismo de mula, interligando o Rio Grande do Sul a áreas rurais do centro do Brasil.

FANDANGO SAPATEADO – Herança do colonizador lusitano. Dança onde cada cavalheiro, depois de bailar em círculo e em conjunto, procura exibir sua capacidade de teatralidade, com exuberantes “ figuras-solo” sapateadas, ao som do rosetear de nazarenas, das quais muitas delas lembravam e imitavam lidas e motivos de campo e de sua origem.

Motivo oriundo do século XVIII quando do nascimento do “gaúcho-do-campo”, em sua atividade birivista tropeira.

Este tema – que é nosso mais antigo tema coreográfico – deu origem à formação do “ciclo do fandanguismo” primitivo rio-grandense, onde aparece posteriormente a dama, formando par.



quinta-feira, 15 de maio de 2008

OS BIRIVAS



Os birivas (berivas, beribas ou biribas) eram os tropeiros habitantes dos campos de cima da serra, os quais geralmente andavam em mulas e tinham um sotaque especial, diferente dos tropeiros fronteiros ou das regiões baixas do estado.

Tropeirismo


A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil Colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho.

Tropeiros eram condutores de tropas de reses, eqüinos, mulares, suínos e aves de cargueiro de um lugar até outro. Eles eram os responsáveis por vender e comprar tropas.
Essa profissão é, sem dúvida, a mais antiga do Rio Grande do Sul. No século XVI os tropeiros já começaram a descobrir e desvendar o nosso estado.